sexta-feira, 16 de outubro de 2009

História ca"nina"

Para terminar (ou talvez não…), antes que o tema "cadela" comece a enfadar a "clientela".

A minha "metade" nunca quis ter animais em casa e muito menos um cão (que neste caso é uma cadela), mas agora a Nina tem na dona a sua maior aliada. Tenho de estar sempre a lembrar que "não quero a cadela a comer da nossa comida" mas ela é irresistível e tão "charmosa" (engraxadora, vá eheheh) que é difícil resistir sem lhe dar umas "migalhas" à hora do jantar.

Ela é filha de uma cadela abandonada e enquanto uns putos estavam decididos a matar a ninhada, outro grupo decidiu trazê-la para o bairro. Com madeiras velhas e cartão fizeram uma casota no pinhal, aqui a 200 metros e iniciaram uma campanha junto de quem passava ou ia comprar o jornal ao quiosque para que adoptasse uma cadelinha (eram 3).

A minha "metade" teve sempre pavor de animais peludos (por isso é que eu me depilo desde que casei eheheh), mas depois de ver os cachorrinhos, volta não volta falava neles – "coitadinhos, são tão fofinhos e se ninguém ficar com eles, vão ser mortos".
Andou assim umas semanas até que numa sexta-feira, depois de uma caracolada e umas bejecas, resolvemos ir tomar café e passar pelo pinhal, onde os putos pareciam aqueles vendedores de "time sharing", mais chatos do que a potassa – e leve lá um cachorrinho antes que os matem e não custa nada e pode fazer-se sócio da Liga dos Animais ou da União Zoófila e as consultas são baratas.
Resultado: perante a estupefacção da minha mulher, abalei com a Nina sentada (e assustada) na palma da mão (tinha à volta de3 meses e meio e era tão pequenina e indefesa, que metia dó) e toca de encher um alguidar de água morna e dar-lhe um banho. O primeiro teve que ser de sabonete, porque em casa não havia nada para dar banho a cães e largou logo tantas pulgas, que eu nem queria acreditar. Na superfície da água formou-se uma camada de pulgas inacreditável, por isso o segundo passo foi levantar cedo no sábado e ir ao Continente comprar tudo (ou quase tudo) o que é necessário para lavar e desparasitar o exterior de um cão.

Logo nessa tarde fomos dar um passeio ao Parque das Nações e colocada no chão, sem trela, a Nina nunca mais nos largou. Dávamos um passo, ela dava um passo: parávamos, ela parava. Tinha descoberto a sua matilha e até hoje nunca mais nos deixámos. Tem a sua caixa com almofada presa ao banco do carro (de onde nunca sai, mesmo estando horas sozinha enquanto vamos às compras) e em casa dorme numa casota toda "catita", aos pés da nossa cama.

Agora, que começa a ir para velhota (vai fazer 10 anos em Fevereiro), já me começo a preocupar, porque um dia ela vai "partir" e então não sei como vai ser. Já tivemos uma experiência de certo modo traumatizante, quando ela teve de ser operada a um tumor mamário (tinha então 5 anos) .
Eu andava naquela fase paranóica a seguir à minha operação em que uma simples borbulha ou um espirro fazia disparar o alarme de cancro e assim como estava atento a todos os sinais que pudessem surgir em mim, também passei a inspeccionar a cadela regularmente.
Um dia tive a sensação de algo diferente, mais duro, numa maminha e levei-a à veterinária que me aconselhou a esperar uns meses, a ver se o nódulo aumentava. Passados três meses chegou-se à conclusão que aquilo estava a aumentar de volume e optámos pela remoção.
No dia da intervenção pediram-me para estar presente, para que ela ficasse mais calma, enquanto lhe rapavam a barriga e lhe colocavam um cateter na patinha. Apesar de assustada manteve-se calma por sentir a cabeça apoiada na minha mão. Adormeceu sob o efeito da anestesia, com um olhar entre o terno e o suplicante. Não percebia o que lhe estavam a fazer e parecia que me pedia – tira-me daqui, pá! O que é que estas gajas me vão fazer?
Aproveitando a anestesia foi também esterilizada, por isso ficou com uma costura do comprimento da barriga. Quer-me parecer que a operação a tornou mais "infantil", pois acho estranho que com quase dez anos continue a parecer um cachorro brincalhão.
Entretanto o tempo foi passando e ambos temos tido a sorte do nosso lado. Já vamos quase com cinco anos e não houve reincidência da doença, o que é um bom prognóstico.
Mas entristece-me pensar que a Nina já viveu dois terços da sua vida…

E pronto, acho que tão cedo não vos volto a dar "secas" acerca da minha amiga.
E com o fim-de-semana à porta, dificilmente me apanham cá antes de domingo.
Bom fim-de-semana.

7 comentários:

dinona disse...

A minha Pituxinha também foi operada a um tumor mamário, a vet mais tarde explicou-nos que se não era para reproduzir deveria ter sido logo esterelizada para evitar os tumores.

Mas a minha pituxinha com 13 anos ainda era uma granda maluca, só queria era correrias e brincadeira... claro que no ano passado tivémos que lhe dizer adeus... Dói muito! Mas nada que adoptar um novo animal para nos ajudar a superar um pouco a dor... mas que fique registado quero mais fotos dela.

mfc disse...

Eles são bestiais e dão muito... muiiiito!

opinião própria disse...

É bom ter a capacidade de gostar de animais...Faz-nos apreciar melhor a vida. Bom fim de semana.

Anjo De Cor disse...

Acho que é dificil encontrar alguém que não goste de animais, são a melhor companhia que se pode ter ;)
Beijinhos e bom domingo*

Pi disse...

Uma bonita história de amor =)

Lizzy disse...

Eu acabei de perder a minha Maia. Estou-lhe grata por tudo o que ela me deu, diariamente e sem pedir nada em troca para além de uma comidinha e uma água fresca. Os animais são realmente uma benção de amor e quando os perdemos dói muito. A Maia tinha 12 anos. Eu dizia muita vez que me devia preparar para a perder pois a velhice já se fazia notar. Contudo, e infelizmente, eu não estava preparada, nem foi a velhice que a levou. Por isso acho que devemos aproveitar todos os dias para mimar os nossos animais. Vale muito a pena. Nunca é tempo perdido e no fim, é isso que fica na nossa memória: os bons momentos, as bricadeiras, as lambidelas, enfim, tudo de bom.

rose disse...

A propósito da ternura,bonito texto este.