terça-feira, 8 de setembro de 2009

O "POLVO" é quem mais ordena

Eu gosto de cozinhar. Não sou um cozinheiro muito sofisticado, não sei fazer os pratos amaricados dos grandes chefes da moda, mas também não sou gajo de me ficar pelo tradicional ovo estrelado, ou pelo bacalhau com batatas (um arroz de marisco, uma massa de cherne com gambas ou uma caldeirada feita por mim ou pela gaja, metem muitos restaurantes a um canto. E já nem falo dos assados no forno... desde o borrego, cabrito, ou até um peixinho no forno, são mais uma especialidade da casa). Há apenas mais um pequeno pormenor que tenho de salientar, para esta história fazer algum sentido: não gosto, não sei e nem estou em vias de aprender a cozinhar por receita. Sou como aqueles tipos que nunca aprenderam música: toco de ouvido. Para mim cozinhar por receita é quase como deitar sal na comida, com uma colher. O sal deita-se à mão, para se "sentir" e a comida "toca-se" de ouvido e com alguma intuição.
"Prontes"!
Então a história tem a ver com polvo.
Há muito que eu ando para aprender a fazer algo com polvo. Seja polvo à lagareiro, seja salada de polvo, seja arroz de polvo, tem é de ser um prato de polvo e tenho de ser eu a cozinhar, porque nesta casa é assim: comida que a "princesa" não goste, é comida que ninguém come.
A "princesa" não gosta de sardinhas e o resto da família se quer comer sardinhas, vai comer fora, ou tem de as fazer. Com o inconveniente de ter que fazer comida à parte para a "princesa".
Então nesta questão do polvo a coisa ficou complicada logo na primeira tentativa. Arroz de polvo, duro como cornos e com a "princesa" a reclamar do princípio ao fim da refeição (porque não havia mais nada para comer eheheh).
Da segunda vez era para ser polvo à lagareiro, mas fui na conversa dos "especialistas" e o polvo ficou mais mole que "as favas da baleizoeira" (um dia conto a anedota da baleizoeira eheheh), que acabou numa salada manhosa.
Então ficou decidido que da próxima ia ser de "ouvido" e que se lixem os "especialistas". Aliás, depois de pesquisar na net e verificar a falta de unanimidade entre os opinantes e a enorme disparidade de opiniões acerca do modo de cozer o polvo, só podia tomar esta decisão.
Uns dizem que o polvo deve ser cozido com pouca água, sem sal e com uma cebola com casca.
Outros afirmam que o bicho deve ser cozido sem água nenhuma.
Outros ainda cozem o polvo bem coberto de água, variando esta modalidade apenas no sal: leva, não leva, ou leva pouco.
Ah, todos cozem o polvo na panela de pressão, variando também o tempo de cozedura.
Pois eu estou-me nas tintas para os especialistas e o meu polvo foi cozido coberto de água, com uma cebola com casca, um pouco de sal (porque o sal dificulta a cozedura de qualquer alimento) e - agora abram a boca de espanto, porque nunca tal foi experimentado - num pirex, no microondas.
É verdade! Depois de ter passado mais de uma hora a pesquisar (e a verificar que toda a gente coze o polvo na panela de pressão), decidi "cagar" em opiniões e o meu polvo foi direitinho, sem descongelar, para o microondas. A panela de pressão dá um trabalhão do caraças a lavar (e serve tão pouco, que nem sei onde ela pára eheheh) e nem é coisa que se lave na máquina e o pirex é muito mais prático. O tempo de cozedura, foi até o polvo estar cozido eheheh. De vez em quando espetava-o com um garfo e praí ao fim de meia hora, o bicho estava no ponto. Meia hora (25 minutos, vá), começando por 7/8 minutos no máximo (até começar a ferver) e o restante na posição acima do meio (uns 60%, mais coisa, menos coisa). Isto para duas embalagens (de 400gramas cada) de polvo pequeno do Jumbo.
Depois de cozido e da água escorrida, cortei o polvo em pedaços (o tamanho depende da medida da boca de cada um), juntei dois ovos cozidos cortados em pedaços (um ovo para cada pessoa), uma cebola picada grosseiramente (até porque eu nunca fui grande espingarda a picar cebola :D), salsa picada do mesmo modo e, para dar "um toque pessoal" (eheheheheheh), juntei um frasco de feijão-frade do Feira Nova, temperei tudo com azeite (este sim, especial de corrida, trazido do Alentejo por uns amigos que fazem o favor de me abastecer para o ano inteiro), vinagre, pimenta e sal fino a gosto e de seguida foi direitinho para o frigorífico até à hora do jantar. Depois comeu-se fresquinho e acompanhado com uma salada mista de alface, tomate e uma tiras finas de pimento verde e orégãos.
Onde é que está a "ciência" de cozer polvo, pá? :D
Desculpem não apresentar imagens, mas isto já foi ontem ao jantar e na altura não "malembrei".

P.S. O jantar de hoje vai ser uma adulteração da pescada na cama com brócolos, uma receita da Patrícia da Vírgula, já testada numa outra vida, com algum sucesso (digamos que elas não reclamaram por aí além eheheh).

5 comentários:

S* disse...

Oh meu deus. Polvo no microndas??? Isso é coisa de HOMEM. E meio burrinho. :P

A princesa reclama? Cozinhe ela!! ahahah

Olhos Dourados disse...

É a primeira vez que ouço que alguém cozeu polvo no microondas!

Pi disse...

PORRA...! Como é que tu me conseguiste enganar durante tanto tempo? Explicas-me? Eu sei que sou sempre a mesma ingénua de sempre, mas tão parva assim nunca ninguém me tinha feito! OK!

Bom... vou tentar esquecer o assunto e falar de comida... Polvo cozido cá na minha barraca é assim: "Mãe levas este polvo para cozer em tua casa?", ela responde que sim, claro que sim, e no dia seguinte ele aparece cá em casa já cozido dentro de uma tupperware, como que se de magia se tratasse! O meu micro-ondas é muito pouco potente, portanto nem me arrisco nessa tua aventura...! Mas confesso que é de mestre conseguir cozer um polvo no micro-ondas. Lá está... "a sorte protege os audazes"! E essa receita com o feijão frade... oh céus...! Há lá coisa melhor que feijão! (também é uma coisa que geralmente só faço quando a mãe os traz cozidos, que não tenho paciência para aquelas coisas do deixar de molho, etc, etc... e os de frasco deixam muito a desejar).

Boa sorte na cama com a pescada e os bróculos, desde que a experimentei que vai na volta e faz-se cá em casa. Olha que outro dia foi a minha irmã que se aventurou nessa receita mas não ficou tão boa quanto o meu. Tenho mão cheia para temperos, e fica sempre tudo muito bem apuradinho...

Ouve cá oh Fred (tenho que te chamar alguma coisa, que fique Fred), acho que era de bom tom nos contares uma história. Sabes que andam em muitos sítios requisitando pessoas contadoras de histórias para bibliotecas e afins? Acho que é tão giro pôr estas pessoas a puxarem 'pla memória! Vá, a tua fresca memória há de ter uma ou outra história que nós vamos adorar saber! =) Pensa nisso!

Um beijinho!

mfc disse...

Pá... não falha!
15 minutos na panela de pressão e deixas arrefecer nela.
Depois utizas só a água para fazeres o arroz, quando estiver quase no ponto, juntas-lhe o polvo.
Deixa alguns filetes para passares por ovo e farinha e fritar... servidos com umas gotas de limão!

Até me babo todo...

Patrícia disse...

Phonix. Polvo no microondas???????
Bem, só podia ser um homem. :P