domingo, 19 de julho de 2009

Estatisticamente morto

Diz a minha "gaja":
- Passas tanto tempo a reclamar que nem te dás conta da sorte que tens tido na vida.

- Em termos de emprego atravessaste vários períodos conturbados sem nunca ficares desempregado e sem problemas de maior (tirando os dois anos de salários em atraso… digo eu).

- No casamento, enquanto a maior parte dos nossos amigos e conhecidos, ou estão divorciados ou já vão numa segunda ou terceira relação, nós ainda continuamos a sair de mão dada (porque ela tem medo que eu fuja).

- Tens uma filha que é um exemplo (tirando aquela vez, no 9º ano, quando fugiu de casa por ter duas negativas e fomos buscá-la, ao fim do pior dia das nossas vidas, a um posto da GNR), que nunca deu aqueles grandes problemas dos adolescentes , nunca chumbou um ano e tem um sentido de responsabilidade como é raro ver-se hoje em dia.

- Até em questões de saúde, depois de uma doença cujo prognóstico raramente ultrapassa os dezoito meses de vida, tiveste como que uma segunda oportunidade que já dura quase há cinco anos.
No teu lugar muita gente tinha ido a pé a Fátima ou tinha aderido a uma dessas seitas religiosas que prometem curas milagrosas. Mas tu continuas o mesmo anti-cristo de sempre, a dizer mal de Deus, dos padres e da igreja e a desdenhar de tudo quanto diz respeito à alma e ao espírito.

- Pois é… como dizia o meu velhote: a sorte de um homem, é escapar.

- Quanto à vida profissional, tens de concordar que, enquanto a rapaziada daquela época queria era "putas e vinho verde" e não pensava no futuro, eu procurei aprender sempre mais e valorizar-me profissionalmente através do conhecimento (até porque não tinha presuntos para oferecer). A profissão ainda me deve muitas horas de descanso.

- Se temos um casamento estável é porque faço ouvidos moucos à maior parte das tuas reclamações e tenho estragado o fígado a digerir o teu veneno (lol).

- A filha, além da boa educação que sempre teve, tendo herdado o património genético do pai, só podia ser como é (lol).

- Quanto à doença, não fosse esta mania de reclamar e de partir a loiça toda quando as coisas não me agradam e teria continuado naquele médico negligente que olhava para os exames e análises da mesma forma que um boi olha para um palácio e hoje eu faria parte dessa fatídica estatística dos dezoito meses.

Sinto muito, meu amor, mas vamos ter de continuar a pagar a casa durante mais algum tempo (*).

(*)Piada de mau gosto com que costumo irritá-la, pelo facto de durante o período de maior desânimo, tendo algum dinheiro de parte, me tenha recusado a amortizar o empréstimo, já que em caso de morte de um dos cônjuges o seguro paga o resto da dívida. Como ainda não morri, vamos ter de continuar a pagar as prestações da casa (lol).

5 comentários:

Pi disse...

Epá... essa da casa ficar paga com a morte de um dos dois é mesmo ruindade da pior :D

A tua 'moça' já deve ter se sentido muitas vezes com o coração a sair lhe 'pla boca...!

Patrícia disse...

Ehhhh... essa da casa é mto fixe:P
E a da tua filhota ter "desaparecido" deve ter sido mm mto mau. Uma vez, quando tinha 10 anos perdi a minha irmã na praia e sei bem o que senti. E não foi o meu filho, foi a minha irmã.

Olhos Dourados disse...

Tás a ver! És um sortudo!

Cor do Sol disse...

Tu fugiste-me seu malvado...vou dizer à minha mãe. Sempre a mudar de casa. Raisparta :P

Galo disse...

Cor do Sol
Eu não te conheço de lado nenhum. Conheci, em tempos, uma gaija muito bôua, bôua, bôua, que mostrava muita chicha morenaça por entre fitas, alças e atilhos de um bikini azul bastante decotado. Por isso não me comprometas, ou eu ainda vou ser descoberto lá vou outra vez de malas aviadas para um novo poleiro eheheh.

Beijinho.