segunda-feira, 22 de março de 2010

O (meu) Grito

Vou tentar começar a semana bem e terminá-la melhor.
Para começar vou tentar fazer umas visitas (há tanto tempo que não visito este pessoal baril...).
Quinta-feira vou começar as despedidas da "Pintainha". Comprou capoeira nova e vamos fazer a escritura. Mais umas semanas e o galinheiro vai ficar mais vazio e triste, mas é assim a vida. Cumprimos a nossa missão de galar e pôr os ovos. Agora chegou a hora de "voar" com as próprias asas.
Vai ser a primeira "Pintainha" voadora.

Sexta-feira começa o périplo pelas capelinhas - Duas TAC's.

Até finais de Abril vai ser assim - TAC'S - Marcadores - Consulta.

Sempre com 8 a 10 dias de intervalo que é para fazer render a coisa.

Convém manter os níveis de stress bem lá em cima, a ver se o coração estoira. A Segurança Social, falida, agradece o alívio.

Às vezes até custa a acreditar neste apego a uma merda de vida que, aos poucos, vai ficando sem puto de interesse.
Há gajos corajosos. Gajos que pegam numa "fusca" e dão um tiro no céu-da-boca, deviam receber uma medalha.
Os cobardes vão ficando. Vamos ficando a olhar através das paredes, através do passado... à espera de nada. Porque a partir de uma certa altura, a vida já não tem nada para nos dar.
Sou um cobarde de merda que nem tenho coragem para fazer uma pega de caras a um comboio e ir ver se há vida para além da morte. Outra vida melhor do que esta, onde o sol nunca se ponha e a Primavera nunca acabe.
Mas eu sou um cobarde que já nem tenho vontade de ir a pé, até ao meu descampado. Conversar com o fecho éclair da braguilha, porque já lá vai o tempo em que um homem tinha botões com quem conversar...
Um cobarde que nem vou ao encontro da morte, nem tenho coragem de a pedir. Fico aqui à espera que ela não venha porque a vida é bela e o sol é formidável e o caralho... para quê esta cisma com a Primavera, se no cemitério há flores o ano inteiro...
A vida, viver a vida, um dia de cada vez, acordar com um lindo dia de sol, com as abelhinhas a esfregarem o cu nas flores para encherem os frascos de mel dos hipermercados e bla, bla, bla.
Boas trabalhadoras, as abelhinhas... são pagas com o mel que elas próprias fizeram, não fazem greve, não pedem aumento nem subsídio de desemprego. Se o governo se lembra, faz de Portugal uma colmeia. Ensinam as abelhas a fabricar rolhas para o Américo Amorim, a fazer aglomerado de madeira, para a SONAE do Ti Belmiro e põe-nos a nós a fazer mel. Temos um cu muito maior, transportamos muito mais pólen e o mel, em vez de ser vendido em frascos, passa a ser vendido em pipas do Vinho do Porto, porque entretanto o governo manda arrancar as vinhas e semear malmequeres e rosmaninho e alecrim aos molhos e cemitérios, porque nos cemitérios há flores o ano inteiro.
Estão a acompanhar o raciocínio deste espírito empreendedor?
Primeiro ensina as abelhas a fazer rolhas, depois arranca as vinhas e, sem vinho, o Américo Amorim que meta as rolhas pelo cu acima.
Por isso é que Portugal nunca vai sair do cu da Europa. Por causa de ter cobardes como eu, que nem pra morrer tenho habilidade, à frente dos destinos da Nação.
Perguntem-me lá se eu bebi alguma coisa?
Bebi dois copos de vinho (mal cheios) ao jantar, mas isso foi há mais de seis horas.
E fumar? Fumar substâncias proibidas?
Também não. Não posso fumar. E sou tão cobarde que nem fumo, com medo de morrer. Se tivesse continuado a fumar e a foder o que me sobrou dos bofes, se calhar já não estava aqui, às três horas da madrugada, a delirar.
Porque isto não é bebedeira.
Juro.
É delírio ou então algum grão de areia a emperrar a engrenagem. Uma engrenagem que já não funciona bem e que, a continuar a sofrer estes "embates", um dia "pifa" definitivamente.
Não deixava de ter a sua graça.
Deu entrada no hospício o maluquinho. O tolo que resistiu à doença e não aguentou o stress, não suportou a angústia da espera por uma merda que toda a gente sabe que nunca falha. A morte.
Ninguém se embebeda com um decilitro e meio de vinho. O que embebeda é esta merda de jogo do gato e do rato. Este jogo de apanhada onde é constante a ameaça de voltar a ser apanhado.
Isto é que é uma tremenda bebedeira. Uma ratoeira no escuro. Uma mina.
Dás um passo a mais e vês uma puta de uma perna a voar, ou ficas com as tripas na mão.
O que embebeda é este pisar incerto, esta Roleta Russa, este jogo de azar, onde vamos perdendo tudo.
Tudo!